publicado por International Alliance of Waste Pickers
Escrito por Alex Cardoso, MNCR
Região América Latina
País Brasil
julho 23, 2015
Escrito por Alex Cardoso, MNCR. mncr.org.br. 06/30/2015
Somos divididos geograficamente por continentes, por força de fronteiras delimitadas pelas águas ou simplesmente por linhas imaginarias, assim como a linha do Equador que delimita as extremidades do planeta.
Os continentes Africano, Latino Americano e Asiático, que outrora foram devastados pelas guerras, saques e ocupações agora são devastados pelos milhares de lixões que destroem e eliminam qualquer chance deste nosso Planeta em sobreviver ao veloz desgaste causada exclusivamente pelo ser supremo e pensante chamado de Humano.
Grandes emissores de CO² na atmosfera, os lixões são comuns nestes continentes, que além de receberem detritos produzidos localmente, são destino também de resíduos globais dos continentes Europeu e Norte-americano que são os maiores responsáveis pela vasta destruição do planeta.
Somos um povo movido por ganancia e riqueza, que são garantidas através de exploração do trabalho e da natureza, sabemos também tudo depende da geração de energia. A energia esta baseada também na destruição do planeta, tanto na captação, como na transformação e distribuição, concentrada em sua maioria nos combustíveis fosseis, os quais dão origem a esse grande problema ambiental, a geração de resíduos.
É muito importante destacar que os atuais resíduos, são parte da natureza e não apenas um câncer dela, desde que estejam dentro de um processo sustentável da cadeia produtiva chamado de reciclagem. No entanto, toda ou quase toda a ação efetiva que temos hoje na reciclagem é garantida pela ação de um exército de mais de 15 milhões de Catadoras e Catadores de materiais recicláveis no planeta ou mais de 4 milhões somente na América Latina, segundo dados do Banco Mundial.
Esta cadeia produtiva é suja, pois é baseada na exploração do trabalho, em níveis desumanos, das catadoras e catadores de materiais recicláveis que fazem com que a categoria não consiga evoluir, tanto socialmente como economicamente. É preciso haver uma mudança.
No Brasil são mais de 2 mil lixões que recebem os resíduos de mais da metade dos municípios brasileiros por meio de contratos com empresas privadas que dominam e exploram a coleta e o transporte dos resíduos sem nenhuma preocupação com o meio ambiente. As prefeituras, contrariando leis nacionais, que desde 1980 proíbe os lixões a céu aberto no País, continuam investindo dinheiro público nesse modelo de gestão a incentiva a destruição ambiental.
No país, apenas 3% dos resíduos são reciclados oficialmente, desconsiderando o trabalho feito pelos mais de um milhão de catadoras e catadores de materiais recicláveis que vivem nos lixões e ruas de nosso país, garantem mais de 98% de reciclagem de latinha, mais de 60% do PET e os mais de 40% do papelão, mas, mesmo ignorados, são os maiores preservadores ambientais da atualidade.
Enquanto MNCR,apresentamos e lutamos pela conquista da Reciclagem Popular, que é a única rota tecnológica capaz de incluir social e economicamente as catadoras e catadores de materiais recicláveis, seja na preservação do meio ambiente ou na economia de recursos financeiros, invertendo a lógica da concentração de riquezas, da exclusão e exploração social e da destruição ambiental em que se baseia atualmente a gestão de resíduos e reciclagem, ampliando os conhecimentos e a participação da sociedade produtora de resíduos.
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