publicado por International Alliance of Waste Pickers
Escrito por Deia de Brito
setembro 05, 2013
Em julho, 48 catadores (conhecidos na Argentina como “cartoneros”) com o Movimiento de Trabajadores Excluidos (MTE) viajaram de ônibus de Buenos Aires para o Rio de Janeiro para encontrar Papa Francisco. O Papa convidou a delegação de jovens cartoneros para se sentarem perto dele e encontrá-lo durante atividades da Jornada Mundial da Juventude, uma união de jovens Católicos do mundo inteiro. Eu tive a chance de conversar com alguns dos jovens cartoneros uma noite durante a vigília final.
Pablo, 19 anos, é filho de catadores. Ele começou a trabalhar quando tinha 7 anos. Ele continuou a trabalhar na catação até o ano passado quando teve a oportunidade de voltar aos estudos. Ele teve que parar de estudar aos 15 anos para poder ajudar a família durante um período difícil. “Eu tive que ajudar a minha família”, disse Pablo. Agora ele assiste aulas do colégio para adultos.
Florencia Palacios, 18 anos, trabalha com MTE a 4 anos. A sua mãe é a presidente de uma cooperativa com 52 associados no Bairro Corcova, Argentina. Eles coletam materiais com caminhonete em vários bairros para levar à cooperativa para triar. O pai da Florencia foi presidente da cooperativa e todos os documentos estavam no nome dele. Quando ele faleceu, a mãe dela teve que vender a metade da casa para poder registrar a cooperativa, ela disse. Florencia tem 5 irmãos mas ela é a única deles que trabalha como catadora. “É emocionante ter o Papa ao nosso lado” disse Florencia.
Yamila Lopez, 20 anos, é catadora a dois anos. O pai dela é o presidente da cooperativa onde ela trabalha. Ele tem lutado durante dois anos para conseguir um espaço adequado onde trabalhar. “Queremos que todos tenham um lugar digno onde trabalhar e não ter que trabalhar na rua com carroças” disse Yamila. “Queremos que todos tenham uma caminhonete para poder trabalhar bem.”
“Há muitas pessoas que ainda não estão organizadas – particularmente nos bairros mais pobres” disse Yamila. “Pessoas que não tiveram a oportunidade de trabalhar numa cooperativa. A maioria dos catadores organizados estão nas cidades, não nas áreas rurais.”
Os catadores organizados fazem trabalho de divulgação sobre a importância de trabalhar de uma forma organizada. Nesse momento a cooperativa onde ela trabalha está lutando para ter um lugar físico, uma base, para poder trabalhar.
Eduardo Ismael Rodriguez, 20 anos, trabalha na Cooperativa 9 de agosto em Buenos Aires, na Argentina. Ele trabalha como catador desde os 7 anos. A família dele não trabalha mais na catação. “Eu sou o único catador da família agora” ele disse. Ele trabalhou durante muitos anos como catador independente, sem nenhuma ligação a uma cooperativa. Ele virou cooperado da 9 de agosto aos 17 anos. “Melhorou a minha vida muito”, ele disse. “Demais”.
“Não quero ser catador a minha vida inteira”, disse Eduardo. “Estava estudando economia antes de largar os estudos”.
Mais fotos da delegação de associados do MTE
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