publicado por International Alliance of Waste Pickers
Escrito por Alex Cardoso
Região América Latina
País Brasil
março 06, 2017
A série Retratos do Coração da Reciclagem captura exemplos de políticas inclusivas mas também flagrantes das ameaças que catadores e catadoras enfrentam. Nessa breve colaboração o líder do Movimento Nacional dos Catadores de Recicláveis (MNCR) retrata as ameaças sofridas pelos catadores de Porto Alegre, sul do Brasil.
Porto Alegre foi uma das cidades pioneiras no fim da década de 1980 na adoção de uma coleta seletiva em parceria com os catadores que inspirou várias cidades no Brasil e no mundo. Tragicamente a cidade vive um momento longo de retrocesso nas políticas públicas inclusivas de resíduos sólidos como retrata Alex nessa convocatória. Sonia Dias.
Porto Alegre, na contramão do Brasil e da sua própria história, quer proibir a circulação dos catadores de materiais recicláveis na realização da coleta seletiva a partir do dia 10 de março de 2017.
Mesmo realizando um serviço reconhecido pela sociedade e pelas leis de resíduos (PNRS e PNSB) a cidade de Porto Alegre faz a opção pela exclusão da categoria, desta forma optando pelas privatizações e contratos milionários com empresas privadas para a realização da coleta seletiva.
Queremos a ampliação do prazo desta lei de proibição de circulação de carroças e carrinhos em paralelo ao início das contratações das cooperativas de catadores para a realização da coleta seletiva solidária, desta forma gradativamente ir incluindo os catadores individuais na coleta seletiva.
São mais de 6 mil catadores que realizam a coleta seletiva na cidade, utilizando seus carrinhos e carroças, sendo que muitos nem este equipamento tem. Não concordamos com esta forma de coleta, onde os catadores são perseguidos e não valorizados, queremos e desejamos que sejam contratados, conforme as leis de resíduos e tenham tecnologias para ampliar sua coleta e renda e forma coletiva como carrinhos elétricos, caminhões e as cooperativas autogestionária de catadores.
Ao mesmo passo em que caminha perseguindo a categoria, as cooperativas de catadores da cidade, que recebem a coleta seletiva estão sendo obrigadas a diminuir a quantidade de catadores, porque a prefeitura não consegue garantir minimamente a reposição de materiais recicláveis neste falido modelo de coleta seletiva excludente com mais de 60% de rejeitos.
A Cooperativa ASCAT a mais de um ano possui dois carrinhos de tração motorizada e um caminhão de coleta seletiva, e tenta, a todo custo a contratação para a realização de um piloto de coleta seletiva solidária, previsto em lei municipal de Porto Alegre, e a administração anterior não contratou, respondendo negativamente não cumprindo a lei.
Queremos nesta nova gestão municipal, o contrato de coleta seletiva com a Cooperativa ASCAT como piloto e gradativamente ampliando para as outras cooperativas, incluindo mais catadoras e catadores de materiais recicláveis, aumentando os volumes de materiais recicláveis coletados, defendendo a natureza com 100% de inclusão.
Coleta Seletiva Solidária Já!
Não a Exclusão das catadoras e Catadores de Materiais Recicláveis.
+info: Carroças podem ser proibidas em Porto Alegre. Do que os catadores vão viver (3.3.2017. mncr.org.br)
Alex Cardoso é representante da Associação Nacional dos Catadores – ANCAT no Rio Grande do Sul. Equipe de Articulação Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis – MNCR. Cooperativa das Catadoras e dos Catadores de Materiais Recicláveis da Cavalhada – ASCAT Central de Cooperativas de Catadoras e Catadores de Porto Alegre e Região Metropolitana – Rede Catapoa.
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