ALIANÇA INTERNACIONAL DE CATADORES

A Aliança Internacional de Catadores é um sindicato de organizações de catadores que representa mais de 460.000 trabalhadores em 34 países
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publicado por
Escrito por Alex Cardoso

Região

País Brasil

dezembro 28, 2021


O catador Alex Cardoso promoveu o lançamento de seu livro, em conjunto com outros catadores vinculados ao Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR).

Do lixo a Bixo conta a história verídica de um catador de materiais recicláveis semi analfabeto, negro, morador de barracos em periferias e áreas de risco, trabalhador desde a infância,  que tornou- se pai aos 16 anos, sendo obrigado a abandonar os estudos para sustentar sua família, mas que depois de 20 anos, num deslocamento total de sua vida, retorna aos bancos escolares, conclui os estudos e conquista uma vaga na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Uma história marcada pela precariedade, pela exploração do trabalho, exclusão social, mas também de muita luta, resistência e conquistas, onde este catador torna se-se uma referência em organização social, representando a categoria em organismos como ONU e OIT, coletivamente organizando encontros nacionais e internacionais, propondo políticas públicas palestrando em várias universidades do Brasil e do mundo. Acompanhe sua trajetória, escrita de maneira crítica ao sistema político e econômico vigente, propondo educação emancipadora como uma maneira de buscar e principalmente compartilhar conhecimentos, pavimentando e iluminando um caminho para que estudantes e a comunidade escolar possam caminhar, propondo uma cultura de estudos e o tripé de sustentação da vida como forma concreta de revolução no mundo, baseada na solidariedade, empatia e amor.

Uma Pílula do livro: O catador e o livro

O catador nasceu dentro de uma carroça puxada por seus pais, a brincadeira dele era separar bem certinho os materiais recicláveis dos rejeitos, varrer bem o pátio com sua pequena vassoura e pedir moedas às boas almas que encontrava nas ruas de Porto Alegre.

A fome e a miséria eram duas intrometidas em sua vida, tão perversas, muitas vezes lhe fizeram chorar. Quando sofria com a fome fome, sem ter nada para comer, escutava de sua mãe: “vai brincar que a fome passa”.

Com seis anos de idade, aprendeu com seu pai a ler as primeiras palavras e a fazer alguns cálculos. Ele adorou. Viu que o mundo era maravilhoso e que as coisas tinha uma lógica.

Adorava a escola, sentava bem na frente da professora. Gostava da merenda porque as vezes era o único alimento que teria durante o dia.

Sua infância foi marcada por muitas faltas, mas uma coisa nunca lhe faltou: o amor de seus pais e irmãos, um mais velho e duas irmãs mais novas. As irmãs sempre perto dele, aprendendo as coisas da vida.

Na sua juventude teve que sair da escola, iria ser pai e tinha que trabalhar. Parecia certo e não tinha alternativa. Trabalhar um trabalho precário para sempre, seu futuro então estava selado. O catador que adorava ler mas que não podia mais ir a escola.

Ele não desistiu, a cada oportunidade que tinha, ele lia, seus colegas de cooperativa dos catadores diziam para ele: “Se quer ler vai pra casa, aqui tem que trabalhar”.

De fato aquilo era verdade, se não trabalhasse não tinha alimentos. Trabalhando muito, mais de 10 horas por dia o dinheiro já era pouco, imagina sem trabalhar.

O catador sempre teve o sonho de estudar, passava em frente a escola e via aqueles portões abertos, as crianças brincando e estudando felizes, um mundo que ele queria para si, mas não era possível. Ainda.

Com 21 anos ele foi escolhido para ir num congresso de catadores em Brasília, foi quando foi fundado o Movimento Nacional dos Catadores, ele adorou viajar, conhecer novas pessoas e ver que a vida dele era igual de muita gente.

Ficou representante deste movimento, tinha um celular que era contato para as pessoas conversar com o movimento. Aprendeu sozinho a “mexer” no computador e a digitar suas primeiras palavras.

O catador começou a viajar, era chamado para ajudar a organizar outros. Sempre alegre, sorrindo para todo mundo, mas era muito brabo cobrando as políticas públicas e defendendo o direito dos catadores.

Logo começou a viajar o mundo, conheceu muitas universidades, era convidado para participar de aulas. Era considerado como uma pessoa inteligente que não precisava de diploma porque tinha a faculdade da vida.

O catador nunca gostou desta faculdade, porque via que a valorização não está nela e sim na faculdade da vida real. Para ter o diploma da faculdade da vida, basta estar vivo.

Com todas suas forças, sem abandonar seu trabalho na cooperativa e nem no apoio dos outros catadores do mundo, voltou a estudar. Começou sentado ao lado dos adolescentes e com grande alegria se formou no ensino fundamental.

Ninguém conseguia mesmo sentir o que o catador sentia com aquele pedaço de papel, o diploma de ensino fundamental. Era normal para quem tinha 14/15 anos ter este diploma, mas para ele era diferente, justamente por ser muito mais difícil, também foi muito mais comemorado.

Ele passou a ir na escola frequentando o ensino médio, quando viu que o governador queria privatizar a educação, sem exitar, reuniu com outros colegas e professores e ocupou a escola por 36 dias. Alguns colegas tinham apenas 6 anos.

Depois que venceram está luta coletivamente, ele se formou no ensino médio. Uma grande alegria e honra lhe fez orador da turma, o qual pediu em sua oração que a educação seja revolucionária.

Nem pegou as férias, pois logo entrou num cursinho popular e por 3 meses ficou aprendendo sobre as provas de vestibular da universidade UFRGS. No fundo ele acreditava que era possível entrar na universidade.

Já pensou um catador na Universidade? Seria pedir muito. Fez a prova da universidade e continuou seu trabalho. Num dia, caindo a tarde e começando a noite, ele estava reunido com outros catadores lá do outro lado do Brasil, em Palmas no Tocantins, dando aulas de organização do movimento quando recebeu a notícia que passou no vestibular.

Um turbilhão de emoções lhe sacudiram, ele queria se controlar mas só conseguia gritar. Os outros estavam tão feliz quanto ele. Não era um catador entrando para a universidade, era todo um movimento.

O catador não só lê livros como decidiu escrever também, contar sua história real, a qual conta partes importantes no livro: Do Lixo a Bixo. A cultura dos estudos e o Tripé de sustentação da vida.

Este livro serve como iluminação do caminho para outros catadores e estudantes que como ele, querem alcançar seus sonhos, estudando não apenas para acumular conhecimentos, mas para construir um mundo melhor.

Olá, sou Alex Cardoso, podem me achar no Instagram como @alexcatador. sou catador, cientista social e escritor, eu contei a minha história e adoraria ler a sua.

Vamos juntos revolucionar este mundo.

Características

  • Ano: 2021
  • Autor: Alexandro Cardoso
  • Selo: Dialética
  • ISBN: 9786525201191
  • Nº de Páginas: 156
  • Você pode comprar o livro diretamente do autor @alexcatador ou no website da editora.