ALIANÇA INTERNACIONAL DE CATADORES

A Aliança Internacional de Catadores é um sindicato de organizações de catadores que representa mais de 460.000 trabalhadores em 34 países
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publicado por
Escrito por Meghana Joshi

Região

País Índia

abril 26, 2016

Traduzido por Tatianna Silva


Mansoor, Simon and Nohra at Cop21, Paris

Bom dia! é provavelmente algo que você ouviria de Mansoor, nosso amigável empreendedor de sucata, ao se encontrar com ele.

Mansoor, que lidera um dos centros de coleta de lixo seco de Hasiru Dala, em Bangalore, na Índia, recentemente participou das discussões sobre mudanças climáticas realizadas pela Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, sigla em inglês). Catadores de todo o mundo foram convidados e encorajados a trocar informações, pontos de vista e percepções sobre como o lixo está sendo gerido nos seus países e sobre como tal gestão poderia melhorar

A Conferência das Partes (COP, sigla em inglês) é realizada anualmente para discutir e rever os objetivos e metas acordados na Cúpula da Terra, também conhecida como Rio 92. Durante a Cúpula da Terra foi elaborada a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) com 195 estados membros. Esta Convenção estabeleceu o objetivo de reduzir e estabilizar as emissões de gases de efeito estufa, os maiores causadores do aquecimento global – havendo evidência científica que prova os efeitos prejudiciais desse fenômeno sobre o meio ambiente, causando danos irreversíveis ao clima, à Terra e à ecologia.

Você deve estar se perguntando: como um catador de materiais recicláveis pode ajudar a minimizar as mudanças climáticas? A resposta é bem simples, responde Mansoor. Todos sabemos o que são os 3 R’s: reduzir, reutilizar e reciclar. Será que prestamos atenção na ordem pela qual eles nos foram apresentados? A redução do lixo deve acontecer em primeiro lugar. Se a geração do lixo, contudo, não pode ser evitada, o consumidor deve fazer um esforço para reutilizá-lo. Apenas como último recurso, se o material não pode ser reutilizado, é que deve ocorrer a reciclagem – já que a separação e a reciclagem demandam esforço e energia. Mansoor continua sua explicação usando telefones celulares como exemplo. Ele nos faz uma pergunta retórica: quantos telefones celulares uma pessoa tem? Sem contar os dois telefones celulares ainda em funcionamento que cada um de nós possivelmente tem, todos ainda temos telefones extras com pequenos estragos, que botamos de lá no canto de uma gaveta. Com a rapidez dos avanços tecnológicos, as pessoas ficam cada vez mais tentadas a trocar de telefone com mais frequência. Telefones novos significam uma maior extração dos recursos da Terra para produzir aparelhos e suprir a demanda crescente. Há poucos meses, um pequeno estrago no telefone seria razão suficiente para que eu desejasse descartar o aparelho ao invés de consertá-lo, contribuindo assim para o aumento da geração do lixo. Não seria mais simples se nós pensássemos duas vezes antes de comprar um telefone, e se e quando o telefone estragar, apenas consertá-lo ao invés de comprar um novo?

Assim, nosso último recurso deve ser a reciclagem, que deve ocorrer APENAS se a redução e o reuso não forem possíveis. Um outro exemplo que Mansoor deu foi com relação aos plásticos. Embora todos saibamos da importância de reduzir e reutilizar sacolas plásticas, praticamente tudo que se compra hoje em dia vem em uma embalagem plástica. A reciclagem do plástico é feita a partir de métodos tão sofisticados atualmente que o produto final é tão bom quanto a resina virgem – nos conta Mansoor. Portanto, não seria melhor se nós reciclássemos o plástico ao invés de produzir resina virgem que requer a extração de matérias-primas como o petróleo, e cujo processo produtivo desencadeia inúmeras formas de poluição? Mansoor acredita ser importante fazer constar nos rótulos caso o produto seja reciclado para que isso possa conscientizar as pessoas e encorajá-las a comprar esses produtos. Continua aqui (Hasiru Dala blog wastenarravites.com).