Prezados catadores de materiais recicláveis e aliados,
É com imensa satisfação que compartilhamos com vocês a nova publicação da Aliança Global de Catadores “Não Há Fronteiras para Aqueles que Lutam”.
Em solidariedade,
Time de apoio em comunicação para a GlobalRec
Neste boletim informativo
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América Latina
A voz dos catadores presente no Dia Mundial do Habitat da ONU (México) (11/11/2019)
No passado 7 de outubro, pelo Dia Mundial do Habitat organizado pelas Nações Unidas, Abel Balderas Ramirez foi convidado a representar o setor dos catadores e à Aliança Global de Catadores na mesa redonda sobre “A economia formal do lixo e a imigração” na que participaram também: Elkin Velásquez (UN-Habitat México/LAC; Thiago Mundano (Cataki); Tania Espinosa (WIEGO) e Vidal Llerenas (prefeita de Azcapotzalco). Abel Balderas Ramirez é catador e presidente da União de Trabalhadores de resíduos sólidos industrializáveis Lázaro Cárdenas do rio, uma associação de trabalhadores de um aterro a céu aberto no município de Dolores Hidalgo no estado de Guanajuato no México, que já tem 26 anos de existência.
Em Buenos Aires mais de 2000 catadores urbanos se unem à comercialização coletiva (Argentina) (10/29/2019)
Há alguns anos começou a comercialização coletiva como modalidade de trabalho, mas no mês de março mais de dois mil catadores e catadoras da Cooperativa O Amanhecer dos Catadores (cartoneros de Buenos Aires, Argentina) a adotaram de maneira voluntária já que é uma alternativa superadora para eles/as e para todo o setor reciclador, inclusive a indústria. Antes desta conquista, os catadores/as urbanos/as tinham que levar o material para suas casas onde conviviam com os recicláveis durante a semana e aos sábados vendiam o material a um comprador que em geral pagava preços muito baixos pelo material. A partir deste ano, cada trabalhador/a tem uma quantidade de edifícios, moradias, comércios cujos encarregados assignados entregam o material previamente separado e a cooperativa se encarrega de o transportar, processar, enfardar, comercializar e distribuir as utilidades em proporção aos quilos aportados por cada companheiro/a. Os catadores e catadoras da Argentina têm um ponto de entrega assignado para que o caminhão levante o saco com os materiais recicláveis que recuperaram e o leve à planta de processamento onde o material será classificado, enfardado e vendido. Cada saco está identificado, é pesado individualmente e se reconhece a cada trabalhador/a a quantidade de quilos que recuperou. O material se vende diretamente às fábricas, evitando a intermediação e obtendo um preço 40% superior àqueles dos depósitos informais. Devido a uma extensa tarefa organizativa e à luta ininterrompida dos/as catadores/as organizados/as na Federação Argentina de Catadores e Recicladores (FACCyR/CTEP) a realidade de subsistência torna-se um caminho de resistência para a transformação social.
Materiais recicláveis viajam 400km de trem para sua comercialização em Buenos Aires (Argentina) (10/28/2019)
No passado 29 de julho a Cooperativa de Catadores Urbanos de Tandil, Província de Buenos Aires (Argentina) realizou seu primeiro envio de materiais recicláveis para a cidade de Buenos Aires. O motivo pelo qual os materiais viajaram 400km de uma cidade a outra permite que esses materiais se incorporem ao sistema de venda coletiva que já funciona na cidade capital. Desta forma, se permite aos trabalhadores e trabalhadoras catadores/as de Tandil aceder a um preço de venda melhor, ao mesmo tempo que aporta ao cuidado do ambiente. É imprescindível considerar que este grande trabalho de organização e logística evitará que aproximadamente 30 toneladas de distintos materiais (papelão, papel e plásticos) acabem sento enterrados em um aterro, senão que, pelo contrário, permite que voltem à indústria. Também faz possível a incorporação ao mercado de materiais que em Tandil não encontram um comprador. Este é um grande passo para a Cooperativa de Catadores Urbanos de Tandil organizados no marco da Federação Argentina de Catadores e Recicladores (FACCyR-CTEP) que hoje em dia organiza a 80 catadores e catadoras e que frente à exclusão se organizaram e inventaram uma fonte de trabalho que todos os dias gera um aporte fundamental para o cuidado ambiental.
Ataque ao trabalho de catadores (cartoneros) no centro de Buenos aires (Argentina) (10/27/2019)
Em abril deste ano o Governo da Cidade de Buenos Aires instalou contêineres de resíduos cuja modalidade explicita exclusão e estigmatização dos catadores e catadoras urbanos/as. Trata-se de contêineres “inteligentes” que só se abrem com um cartão magnético, impedindo assim que as pessoas acedam a seu conteúdo (entre outras coisas, para colher materiais recicláveis). Os cartões magnéticos que funcionam como chave dos contêineres são entregues pelo Governo da Cidade aos proprietários de comércios e moradias do centro portenho. Uma vez que se fecha o contêiner, a tampa fica bloqueada. As pessoas “não autorizadas” não têm forma de aceder a eles. Os trabalhadores e trabalhadoras organizados/as na Federação Argentina de Catadores e Recicladores (FACCYR-CTEP) realizaram, uma protesta massiva no centro da cidade rejeitando a instalação dos contêineres com fecho magnético. Quando os manifestantes começavam a se mobilizar para visibilizar o reclamo, a Polícia da Cidade os confrontou de forma violenta com gases e porras. Ao reclamo dos/as catadores/as se acrescentou o repúdio por parte de vizinhos/as e jornalistas. Embora não se conseguiu a desinstalação da totalidade dos contêineres já inaugurados, se impediu que esta medida continuasse a ser implementada em mais setores da cidade. Estes contêineres são um ataque ao trabalho dos milhares de catadores e catadoras que buscam material para reciclar e é, ao mesmo tempo, uma medida totalmente discriminatória que pretende esconder o problema da pobreza em lugar de ser resolvido. Da mesma maneira, cresce a perseguição de catadores/as independentes que não formam parte das cooperativas e percorrem as ruas na busca de um sustento.
Na Colômbia avança a segunda casa de catadores para catadores (Colômbia) (10/26/2019)
Neste mês de agosto os catadores e catadoras organizados/as na Associação de Recicladores de Bogotá (ARB) iniciaram a obra da segunda moradia construída a partir de madeira plástica em Bogotá. Este acontecimento é um aporte fundamental já que a produção do material está a cargo da própria cooperativa de catadores e catadoras completando com isto a cadeia de valor, já que é a mesma organização a que realiza todo o processo, começando pela coleta de resíduos, a classificação dos materiais, especialmente os plásticos propícios para o desenvolvimento da madeira plástica. Finalmente, o desenho, a fabricação da moradia e a entrega a uma família que antes morava em uma barraca.
Declara-se nula a demanda interposta contra Planeta Verde por parte do Município de Rionegro (Colômbia) por Coop. Planeta Verde (05/15/2019)
No ano passado, no meio das políticas que empreendeu a administração pública local de Rionegro (Colômbia) para favorecer a empresas privadas e desmelhorar as condições de grupos de recicladores organizados, particularmente da Cooperativa de Trabalho Associado Planeta Verde, o município de Rionegro instaurou uma demanda penal onde exigia a entrega imediata do prédio onde funciona a organização há 18 anos, e que lhe pertence. Nossa defesa sublinhou que nossa permanência nesse lugar não pretendia a possessão do prédio, senão a possibilidade de garantir o trabalho aos catadores e catadoras de ofício, amparando-os nos pronunciamentos do Tribunal Constitucional Colombiano. A demanda interposta foi finalmente declarada nula. Pode ler e difundir o comunicado de Planeta Verde.
Grande mobilização contra a incineração de resíduos (Brasil) (06/06/2019)
No passado 7 de junho, milhares de catadores do Brasil, organizados/as desde 2001 no Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), mobilizaram-se sob a consigna “NÃO À INCINERAÇÃO”, reafirmando seu compromisso pela vida e pela cidadania. Defendem que o cuidado do meio ambiente e a luta contra a contaminação só será possível se nos aproximarmos a um sistema de gestão de resíduos que contemple a reciclagem com inclusão social. Alguns dias depois, os catadores organizados no MNCR participaram do “Encontro Latino Americano contra a Destruição de Resíduos Sólidos Urbanos: Caminhos para desperdício Zero no Brasil” que se realizou em 10 de setembro em São Paulo, Brasil. O evento foi uma inciativa da Aliança Resíduo Zero do Brasil, o MNCR e o observatório de Reciclagem Inclusiva e Solidária, e tiveram como objetivo a definição de estratégias para fazer frente às posturas que apresentam medidas de incineração e enterro de resíduos sólidos. Roselaine Mendes, catadora e representante do MNCR, posicionou-se contra o Programa Lixão Zero e a Resolução Interministerial Nº 274, ambas medidas promulgadas em abril de 2019 postulando a incineração de 80% de resíduos como política oficial de gestão de resíduos. Roselaine afirmou: “É fundamental contar com uma Política Nacional de Resíduos Sólidos em todas suas etapas, seja qual for a modalidade. A incineração exclui aos catadores e catadoras!”
Realizou-se em Quito o “III Encontro de Lixo Zero Equador 2019” (Equador) (10/19/2019)
No dia 4 e 5 de setembro na Universidade Andina Simón Bolívar em Quito, Equador teve lugar o “III Encontro de Lixo Zero Equador 2019”. Com a participação de académicos, autoridades municipais e nacionais, organizações não governamentais e organizações de catadores e catadoras, representadas a nível nacional na Rede Nacional de Catadores do Equador (RENAREC), e a nível internacional por Nohra Padilla, líder da Associação Nacional de Catadores da Colômbia (ANR) e membro da Rede Latino-americana e do Caribe de Catadores (REDLACRE). O evento contou com a participação da Aliança Global Anti-Incineração e WIEGO. No marco deste evento se apresentou o livro: “Reciclagem Sem RecicladorAS é Lixo”, um olhar etnográfico do trajeto de vida de mais de 30 líderes catadoras da Colômbia e do Equador, desde uma perspectiva eco feminista. Finalmente, WIEGO e ANR desenvolveram um dia de oficina com mais de 40 líderes da RENAREC no qual se realizou uma análise de conjuntura de ameaças e oportunidades para os catadores na Região Latino-americana, uma oficina para abordar problemáticas relacionadas com Género e população catadora nas organizações, e se revisaram as aprendizagens do caso colombiano liderado pela ANR e apresentado por sua líder Nohra Padilla.
Europa
Grande êxito dos catadores/as em Paris. Importantes lições apreendidas desde o Sul (França) por Amelior (11/19/2019)
AMELIOR, a Associação de Catadores/as em Paris, recentemente ganhou um chamado a licitação para projetos financiados por Syctom, o maior sindicato europeio dedicado à coleta e tratamento de “resíduos” para criar um centro de atividades económicas populares de reutilização e reciclagem, que inclui aos membros de catadores dos sábados e domingos. Nos próximos dias, se concretizará o assinado dos acordos financeiros e de ocupação temporária para 2019-2022. Este é um prédio de 2500 metros quadrados, localizado em Bobigny, Seine St. Denis, que lhe permitirá à Associação Federativa de Biffins de Paris, Montreuil, Bagnolet e a 42 cidades da região da Ilha de França empregar até dez pessoas, assegurar a viabilidade de nossas atividades a longo prazo, e desenvolver nosso negócio como coletores-catadores-recicladores em um ambiente de trabalho decente que proteja aos trabalhadores/as da exploração e da insegurança laboral.
América do Norte
Encontro entre catadores/as de Paris e Nova York (Estados Unidos da América) (11/05/2019)
No 26 de setembro realizou-se em Nova York uma oficina na que participaram catadores e catadoras de Sure We Can (SWC) e Samuel Le Coeur, delegado de Amelior, a associação que organiza biffins em Montreuil (Paris, França). Este encontro teve como eixo o intercâmbio de experiências entre os e as catadores de ambas cidades e o compromisso com a defesa dos objetivos que atualmente está enfrentando a organização Sure We Can. Os desafios aos que se defrontam os catadores de Nova York são semelhantes aos do resto do mundo: ameaça de despejo SWC de seu prédio histórico onde os canners (catadores de latas, cans em inglês) trabalham a diário, a luta contra um projeto de lei sobre embalagens e a briga contra a contínua estigmatização e fustigação que exerce o Departamento de Saneamento da cidade (New York Sanitation Department) sobre os trabalhadores pobres e imigrantes da cidade. Também participou Taylor Cass Talbott, coordenadora do programa Reducing Waste in Coastal Cities de WIEGO que, por sua vez, é militante da nova organização Ground Score, compartilhou os desafios dos catadores de Portland, Óregon (EUA). A oficina terminou com a formação de um grupo de 12 catadores que vão desenvolver uma estratégia de defesa dos direitos dos catadores para Sure We Can.
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